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Lembra dos cheques? Eles não desapareceram, apesar do pouco uso.
Uso de Cheques no Brasil está em Queda: Seu uso caiu 94% desde 1995, diz Federação dos bancos.
Os nascidos no final dos anos 90 dificilmente se deparou com a prática comum de utilizar talões de cheques para pagamentos e compras no dia a dia.
Os cheques estão cada vez mais em desuso no Brasil. O número de operações realizadas com o documento caiu pelo 23º ano consecutivo. Apesar de sua crescente raridade, os talões de cheque ainda não foram completamente abandonados.
A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) anunciou em 22 de janeiro de 2024, uma nova queda significativa no uso de cheques pelos brasileiros em 2023, revelando uma redução de 17% em relação ao ano anterior, a maior redução desde 2021.
Quais os números do uso dos cheques atualmente?
Em 2023 foram compensados 168,7 milhões de cheques.
Essa queda é parte de uma tendência observada ao longo das últimas décadas. Desde 1995, quando a série histórica teve início, houve uma impressionante diminuição de 95% no uso dos cheques no Brasil. O uso desse meio de pagamento foi de 3,3 bilhões para os atuais 168,7 milhões de cheques compensados no ano passado.
Outro aspecto interessante é a redução no volume financeiro associado aos cheques. Em 1995, o valor total dos cheques compensados foi de R$ 2 trilhões, enquanto em 2023, esse número diminuiu para R$ 610,2 bilhões, representando uma queda de 70,18%.
Em comparação com 2022, a redução foi de 8,5%, já que neste ano o montante atingiu a marca de R$ 668,8 bilhões.
Já em termos de cheques devolvidos, 2023 registrou 18 milhões de documentos devolvidos, representando 10,67% do total compensado no país. Esta cifra reflete uma queda de 7,9% em comparação com 2022, quando foram devolvidos 19,5 milhões de cheques.
Os motivos das devoluções desses cheques são variados, desde devolução pela falta de fundos, irregularidades ou até erro de preenchimento.
A Febraban ressaltou que, especificamente em relação aos cheques devolvidos sem fundos, o número caiu de 15 milhões em 2022 para 13,6 milhões em 2023, uma redução de 9%. Se retrocedermos até o ano de 1997, quando esses dados começaram a ser registrados, o número de cheques devolvidos sem fundo foi de 56,8 milhões, ilustrando uma queda expressiva ao longo das últimas décadas.
O fenômeno da diminuição no uso de cheques é atribuído, pela Febraban, ao avanço dos meios de pagamento digitais, incluindo internet e mobile banking, assim como o TED, DOC e a recente criação do Pix em 2020.
Em 1 ano de existência do pix, foram feitas 7 bilhões de transações com volume financeiro de R$ 4 trilhões de reais. De acordo com a última edição do Radar Febraban, desde a implantação do Pix, sua aprovação teve crescimento expressivo, de 9 pontos, passando de 76% para 85% e já tem a adesão de 71% dos brasileiros.
Walter Faria, diretor-adjunto de Serviços da Febraban afirma:
“A pandemia estimulou o uso dos canais digitais dos bancos e, hoje, quase 8 em cada 10 transações bancárias realizadas no Brasil são feitas em canais digitais, como o mobile banking e internet banking (77%). Soma-se a isso a preferência dos brasileiros pelo Pix, que vem se consolidando como o principal meio de pagamento utilizado no país”
Em relação aos pagamentos, embora tenha ocorrido uma redução no volume de transações, a Febraban destaca que o tíquete médio do cheque aumentou no último ano, passando de R$ 3.257,88 em 2022 para R$ 3.617,60 em 2023.
A entidade sugere que essa mudança pode ser interpretada como uma escolha consciente dos brasileiros para transações de maior valor. A evolução nesse padrão de uso de cheques sinaliza uma transformação significativa nos hábitos financeiros da população brasileira.
Veja a trajetória do uso de cheques no Brasil por ano, desde 1995
Ano | compensados (em milhões) | variação em relação a 1995 (em %) |
1995 | 3.334,20 | – |
1996 | 3.158,10 | -5,28% |
1997 | 2.943,80 | -11,71% |
1998 | 2.748,90 | -17,55% |
1999 | 2.602,80 | -21,94% |
2000 | 2.637,50 | -20,90% |
2001 | 2.600,30 | -22,01% |
2002 | 2.397,30 | -28,10% |
2003 | 2.246,40 | -32,63% |
2004 | 2.106,50 | -36,82% |
2005 | 1.940,30 | -41,81% |
2006 | 1.709,40 | -48,73% |
2007 | 1.533,50 | -54,01% |
2008 | 1.396,50 | -58,11% |
2009 | 1.235,00 | -62,96% |
2010 | 1.120,40 | -66,40% |
2011 | 1.012,80 | -69,62% |
2012 | 914,20 | -72,58% |
2013 | 838,20 | -74,86% |
2014 | 755,80 | -77,33% |
2015 | 672,40 | -79,84% |
2016 | 576,40 | -82,71% |
2017 | 494,10 | -85,18% |
2018 | 436,20 | -86,92% |
2019 | 384,30 | -88,47% |
2020 | 287,20 | -91,39% |
2021 | 218,90 | -93,43% |
2022 | 202,80 | -93,99% |
2023 | 168,70 | -94,99% |
Mas afinal, o que é um cheque?
Esses talões, fornecidos pelos bancos, consistem em folhas retangulares com informações pré-impressas, incluindo nome, banco e agência. No entanto, campos como valor a ser pago, nome do beneficiário e data precisam ser preenchidos manualmente ou com maquinas especiais para isso, além da assinatura, que valida a identidade de quem emitiu o cheque.
Regido pela lei 7.357/85, o cheque é definido como um “título de crédito que representa uma ordem de pagamento à vista”. Contudo, a incerteza sobre a disponibilidade de fundos na conta do emitente para cobrir o cheque é um problema que ajudou a diminuição do seu uso.
Como funciona um cheque?
Uma vez preenchida a folha do cheque com informações como nome, valor, beneficiário e data, ele se torna um contrato autorizando o beneficiário a sacar o valor da conta do pagador.
O saque do cheque pode ser realizado no caixa do banco. Outra opção e o deposito do documento via caixa eletrônico ou diretamente no caixa do banco.
Por que, então, as pessoas ainda utilizam cheques?
Uma das razões é o uso como caução em negociações, como aluguel de carros e imóveis. Por exemplo: você aluga um carro e na retirada deixa um cheque caução (que normalmente tem um valor maior que o cobrado pelo aluguel). Essa é uma forma de garantir que você irá devolver o carro nas mesmas condições.
Se o carro for devolvido, conforme o combinado, o cheque também é devolvido ao cliente.
Outro motivo, é que o cheque pré-datado também é comum em transações comerciais de pequenas empresa, permitindo que o estabelecimento deposite o valor após um período específico. Assim, o cheque é comum para algumas pequenas empresas que aceitam o pagamento pré-datado.
O pagamento por cheque é atrativo para essas empresas que possuem uma carteira de clientes fiéis e confiáveis por não possuir o custo das taxas de cartão de credito.
Quais os Tipos de Cheque?
Existem diversos tipos de cheques, cada um com suas peculiaridades. Alguns dos principais incluem o cheque à vista, pré-datado, Cheque Administrativo, ao portador, nominal, cruzado.
Veja a descrição de cada tipo de cheque
Cheque à vista: Pode ser descontado a qualquer dia.
Cheque pré-datado: Preenchido com uma data futura, só é compensado a partir desse dia.
Cheque Administrativo: O banco atua como garantidor o fundo da transação, ou seja, não tem como não ter fundos. O próprio banco emite o cheque para o cliente em nome de um terceiro.
Cheque ao portador: Menos seguro, pode ser descontado por quem estiver com o cheque em mãos, assim, se o portador perde o documento, qualquer pessoa que achar pode sacar.
Cheque nominal: Nome do beneficiário é indicado na folha, só pode ser sacado pelo beneficiário indicado, oferecendo maior segurança.
Cheque cruzado: Linhas paralelas no documento indicam que só pode ser depositado, ou seja, não pode ser sacado no caixa do banco.