O novo vício que está destruindo a vida, as finanças e as famílias de muitos jovens

Em nosso artigo “As apostas esportivas podem destruir suas finanças” mostramos o panorama do vicio em apostas no Brasil, Europa e nos Estados Unidos. Mostramos também os valore dos contratos multimilionários que as casas de apostas têm com os times de futebol no Brasil.

Neste novo artigo, iremos tratar sobre o vicio em jogos de azar.

Segundo Carla Bicca, Especialista em Dependência Química – da Universidade Federal de São Paulo:

“O jogo estimula o mecanismo de recompensa do cérebro. O vício é rápido, pois mexe muito com sistemas de gratificação do cérebro”.

Alerta a especialista da Associação Brasileira de Psiquiatria:

“Quando falta aquilo, a pessoa tem abstinência, fica irritada, ansiosa, triste, desmotivada, então sente que precisa jogar, o que é muito parecido com usar cocaína ou outras drogas.”

Já Hermano Tavares, psiquiatra e especialista em dependências e transtornos do jogo, afirma:

“apostar ativa a mesma região cerebral despertada pela sensação de comer, fazer sexo ou usar drogas”.

Os efeitos da abstinência ao jogo são semelhantes aos das drogas. Os especialistas afirmam que o grupo mais afetado por esse rápido aumento nas apostas esportivas é o de homens jovens. Isso devido ao fato que os jovens são mais propensos aos vícios em geral.

Há uma função mental de controle dos impulsos que só está formada por volta dos 23 anos. Viciados em jogos de azar possuem taxas mais altas de depressão e comportamento suicida do que o resto da população. Até 19% dos viciados em jogos de azar tentam o suicídio, a taxa mais alta entre qualquer outro vício.

Como o vício em jogos de azar não é um vício convencional, poucas pessoas procuram ajuda em comparação com outros transtornos mentais ou vícios físicos. A ciência por trás do vício em jogos de azar não difere muito do viciado em cigarro.

Assim como os cigarros podem prejudicar sua saúde física, as apostas esportivas têm o potencial de arruinar famílias e sua vida financeira. Dessa forma, viciados em jogos devem ser tratados tal como os consumidores de drogas.

Os efeitos desta dependência podem ser tão devastadores quanto o consumo de álcool ou outras drogas.

Quais são fatores de risco para uma pessoa se viciar em apostas

Especialistas explicam que os fatos a seguir são fatores de risco:

1) Começar a apostar é perigoso para quem tem predisposição a vícios;

2) Tratar as apostas como investimento financeiro ou fonte de renda é se arriscar cada vez mais;

3) Ter na família alguém com um vício, seja de álcool, drogas, comida é fator de risco;

4) Possuir qualquer outro vício é um agravante.

Teste – 10 Questões que podem indicar problemas

Prestem muita atenção nas perguntas abaixo. Pegue papel e caneta e conte quantas vezes você disse sim para as perguntas abaixo. E veja o resultado no final. Esse teste foi desenvolvido pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.

1) Você passa muito tempo pensando em jogos de azar?

2) Está gastando mais dinheiro nas apostas com o passar do tempo?

3) Já tentou parar ou reduzir as apostas, mas não conseguiu?

4) Fica agitado ou irritado se tenta diminuir o ritmo ou não apostar?

5) Faz jogos de apostas para escapar de problemas ou para se animar?

6) Continua jogando depois de perder dinheiro tentando recuperar o que perdeu?

7) Já mentiu para alguém sobre quanto tempo ou dinheiro gasta apostando ou sobre quanto perdeu?

8) Já pediu dinheiro emprestado para financiar apostas, ou usa cartão de crédito ou limite do cheque especial para jogar?

9) Jogar tem afetado o seu trabalho, relacionamento ou vida familiar?

10) Você pede dinheiro emprestado quando perde dinheiro apostando?

Agora vamos para as respostas

1) Dizer “sim” à pelos uma dessas perguntas, indica a necessidade de ficar atento;

2) Se você disse sim em três questões, significa que é hora de buscar ajuda especializada;

3) No caso de ter respondido sim a cinco ou mais perguntas, é imprescindível procurar tratamento o mais rápido possível.

 Prejuízos para a sociedade

Defensores das apostas alegam que elas têm potencial e ajudariam governos com arrecadação. Segundo uma pesquisa da auditoria KPMG, a receita tributária com a legalização de apostas chegaria a 1,3 bilhão de reais No Brasil.

No entanto, uma questão que os especialistas alertam é que os lucros ficam com as empresas, mas os prejuízos ficam com os governos e com a sociedade, pois são esses que precisam arcar com os custos com ajuda para os jovens viciados.

Um exemplo, é que os lucros do cigarro ficam com as empresas, mas são os governos que tem que arcar com os custos de campanhas contra o cigarro, assim como arcar com os custos de saúde pelos seus males.

Críticos da liberação das casas de apostas, alertam para os impactos negativos da medida, como vício, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, e afirmam que o Estado não possui mecanismos de controle eficazes para fiscalizar o setor.

Não raro, surgem denúncias de que atletas, árbitros e treinadores são pagos por sites de apostas esportivas para influenciarem os resultados dos jogos.

O que pode ser feito para contra o problema

As famílias se perguntam: “O que pode ser feito contra o vício em apostas esportivas”

Psicólogos afirmam que a solução passa pelo triple famílias, escolas e governos. Sendo fundamental a transparência e o diálogo franco.

Especialistas alertam para a necessidade de proibição de publicidade, assim ocorre com os cigarros. Os aplicativos de apostas devem estabelecer limites de tempo e dinheiro, especialmente para seus usuários mais jovens.

Na Austrália, um país cuja população tem lutado contra as apostas esportivas, jogos de azar esportivos ao vivo não estão disponíveis online, as apostas devem ser feitas por telefone ou em locais específicos que permitem que a equipe intervenha se perceberem sinais de dependência.

No Reino Unido, o governo proibiu atletas e celebridades de aparecerem em anúncios que endossam ou promovem jogos de azar. E todos os 20 clubes da Premier League concordaram que não colocarão mais patrocínios de jogos de azar em suas camisas a partir da temporada 2026-2027.

Autoridades no assunto afirmam que precisamos ter as mesmas sanções que foram implementadas contra a indústria de cigarros. Outro ponto levantando pelos especialistas é a necessidade de limitação do valor máximo das apostas e restringir propagandas direcionadas que utilizam algoritmos para aumentar o engajamento dos apostadores.

Cada apostador deve decidir antecipadamente quanto está disposto a apostar por mês e, quando o valor for atingido, as empresas ficariam temporariamente impedidas de aceitar novas apostas.

Cabe ainda seguir as seguintes orientações:

1) Nunca ir atrás de perdas. Se perdeu dinheiro, não jogar valores mais altos com a intenção de recuperar as perdas;

2) Não jogar quando estiver chateado, cansado ou deprimido. Afinal, é difícil tomar boas decisões quando não se está bem;

3) Terapeutas que tratam do vício pedem aos pacientes que parem de usar smartphones ou até pare de assistir esportes;

4) Saiba que as probabilidades estão sempre a favor da casa de aposta e não dos apostadores.

Onde procurar ajuda?

Caso você, um familiar ou amigo precise de ajuda procure as seguintes organizações:

1) Jogadores Anônimos do Brasil através do site www.jogadoresanonimos.com.br/PRO-AMJO;

2) Há também a alternativa de procurar uma Unidade Básica de Saúde na sua cidade; e

3) Você também procurar os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) de sua cidade.