Banco Central e Bancos querem acabar com o parcelamento sem juros, segundo Abrasel
- CreditoNoticias
- 31 de agosto de 2023
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Polêmica começou após declarações de acabar com o rotativo do cartão e do parcelamento sem juros.
Cliente entregando cartão de credito para vendedor
O presidente do Banco Central (BC) do Brasil, Campos Neto disse em audiência no Senado em agosto de 2023, que o motivo do grande endividamento do brasileiro é parcelamento sem juros. Segundo ele os altos juros do rotativo do cartão de crédito, seria culpa do parcelado sem juros.
Campos Neto demostrou incomodo com o parcelamento sem juros, que permite aos consumidores parcelar suas compras em até 12x sem juros.
Segundo ele, parcelar as compras sem juros no cartão, incentiva as pessoas a gastarem mais. Dessa forma, a saída seria acabar com este tipo de parcelamento. Ele afirmou:
“Criar algum tipo de tarifa para de incentivar esse parcelamento tão longo não é proibir, mas fazer com que (os consumidores) fiquem mais disciplinados para não afetar o consumo.”
Segundo ele, o BC estuda criar uma “tarifa” para desincentivar a compra parcelada no cartão de credito.
Após repercussão negativa sobre o tema, Campos Neto se explicou dizendo:
“Não é proibir o parcelamento sem juros. É simplesmente tentar que fique um pouco mais disciplinado. Não vai afetar o consumo.”
Especialistas contra a medida alegam que a medida é por conta da pressão dos bancos, que não querem continuar ofertando esse tipo de parcelamento.
No entanto, a Febraban (Federação Brasileiras dos Bancos) afirmou que não há possibilidade de acabar com as compras parceladas sem juros no cartão de crédito. Contudo, os bancos alegam que inadimplência das compras parceladas em 12x é maior do que a inadimplência das compras no cartão sem parcelamento.
A Febraban, por sua vez, declara não propor o fim da modalidade. No entanto, defende uma discussão sobre “a grande distorção que só existe no Brasil”, referindo-se ao fato de que o parcelamento sem juros representa metade das compras no cartão.
Apesar de negar que esteja pressionando para o fim do parcelamento sem juros, a Federação afirmou que continuará buscando uma solução que passe por uma transição gradual.
Quem é contra a medida?
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) manifestou preocupação com a pressão dos bancos privados para que o parcelamento sem juros no cartão de credito acabe.
A Associação alega que os bancos querem compensar a limitação das taxas de juros no crédito, dificultando assim o parcelamento sem juros. Isso porque o Governo busca reduzir os juros da modalidade e a inadimplência.
Segundo dados do Bacen, as comprar com cartão de credito correspondem a 2 trilhões de reais. Metade desse valor, ou seja, 1 trilhão, seria em compras parceladas sem juros.
Com o fim da modalidade, a Abrasel “alerta para um prejuízo astronômico na economia”, em especial para consumidores e lojistas. E que traria um enorme prejuízo para o comercio e para os consumidores.
O Comercio também é contra a medida
Representantes do comércio varejista afirmam que o fim do parcelamento ou sua taxação não é a saída para acabar com as altas taxas de juros no cartão de credito.
De acordo com o Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), limitar o parcelamento sem juros geraria enorme queda nas vendas e prejudicaria a economia como um todo, trazendo desemprego.
Já Décio Lima, o presidente do Sebrae, os pequenos comércios seriam os mais prejudicados com a taxação ou com o fim do parcelamento e declarou:
“Apoiamos as iniciativas dos Poderes Executivo e Legislativo em relação aos exorbitantes juros cobrados no crédito rotativo (…), mas a discussão não pode prejudicar o funcionamento das empresas e impeça o consumo das famílias”
Décio Lima, presidente do Sebrae
A taxa dos juros do crédito rotativo dos cartões de credito chegou a 455% ao ano.
A FecomerioSP, Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo também é contrária ao fim do parcelamento sem juros.
A Federação elaborou uma cartilha propondo algumas alternativas para solucionar o problema das altas taxa de juros no cartão de credito. Dentre suas soluções destacamos:
- Estabelecer limites para empréstimos de acordo com a faixa de renda do consumidor;
- promover a competição no mercado de cartão de crédito, visando diminuição das taxas de juros;
- Adotar iniciativas de educação financeira/uso consciente do crédito.