As apostas esportivas podem destruir suas finanças
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- 3 de outubro de 2023
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Apostas esportivas: Uma Verdade Inconveniente
Em 2012, o rapper americano 50 Cent apostou 500 mil dólares que o New York Giants ganharia o título da Conferência Nacional de Futebol e ganhou mais de 1 milhão de dólares. Essa aposta criou um sonho para muitos jovens, criando a ilusão de que qualquer um pode conseguir o mesmo feito. O chamado sonho da aposta vencedora.
Hoje esse sonho foi pulverizado pelo aumento de aplicativos de apostas esportivas. Essas empresas, com a ajuda de celebridades, jogadores de futebol e influencers, vendem a ideia de que você também pode se tornar um milionário ou ter renda extra apostando no jogo que ama.
A situação destaca um problema que está destruindo muitos jovens, gerando uma crise de saúde pública e dependência.
O esporte como isca para as apostas online
Todas as principais ligas esportivas trabalham com cassinos e aplicativos de jogos de azar por meio de parcerias multimilionárias.
A Grand View Research, afirma que o mercado global de apostas esportivas foi responsável por movimentar 83,6 bilhões de dólares em 2022. O equivalente a mais de 405 bilhões de reais, um aumento de 75% em relação a 2021.
Cerca de 40% dos patrocinadores de camisas de clubes na temporada 2022/2023 nos Estados Unidos eram empresas de apostas esportivas. Isso porque as pessoas não gostam de apostar se o site não tiver credibilidade. Dessa forma, as casas de apostas buscam credibilidade se associando aos clubes de futebol.
O Super Bowl de 2023 foi repleto de anúncios de grandes empresas de apostas esportivas.
O vício em apostas esportivas nos EUA e na Europa
1 em cada 5 adulto norte americano diz que apostou dinheiro em esportes nos últimos 12 meses. New Jersey foi um dos primeiros estados norte-americanos a legalizar o jogo. Hoje, a cidade possui três vezes mais que a média nacional de viciados em jogos de azar. Cerca de 13% da população do estado sofre com vicio em jogos.
Nos EUA tem sites de apostas fazendo parcerias até com as universidades privadas, tudo para incentivar os jovens a entrarem cada vez mais cedo no ramo de apostas. Já em Portugal o Ministério da Saúde identificou que 1/5 dos jovens de 18 anos já fizeram apostas online. Destes, 9% jogam seis ou mais horas por dia.
No Reino Unido, um dos maiores mercados de apostas do mundo, a regulação foi inicialmente fraca e os impactos negativos dessa atividade somente passaram a ser levados a sério quando as consequências sociais e de saúde se tornaram drásticas.
O problema com vicio em jogos lá é tão grave que o sistema público de saúde inaugurou clínicas públicas especializadas no tratamento do vício em jogos de azar.
Sob pressão do governo, a Premier League, a primeira divisão do futebol inglês, se comprometeu em banir patrocínios de empresas de apostas nos uniformes dos clubes. O vício em jogos não ocorre somente nos Estados Unidos e na Europa.
À medida que os países desenvolvidos percebem os problemas relacionados às apostas online e começam a regulamentá-las de forma mais rígida, as empresas passam a direcionar seus investimentos para lugares onde a regulamentação é falha, a exemplo do Brasil
Apostas esportivas: O Caso Brasileiro
Nos estádios de futebol brasileiros, a palavra “bet” (que significa aposta em inglês) está por todos os cantos. Atualmente, dos 20 times da Série A do campeonato brasileiro 19 são patrocinados por casas de apostas esportivas. No Brasil há cerca de 450 sites de apostas, que movimentam em torno de 12 bilhões de reais anualmente. Essas apostas estão liberadas no país desde 2018, o que falta é sua regulamentação.
O coordenador do Pro-Amjo (Programa Ambulatorial do Jogo Patológico) do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Hermano Tavares, indica que há uma mudança progressiva no perfil que busca tratamento.
“O paciente, até 2018, tinha idade média de 47 anos e o jogo era, principalmente, o caça níquel eletrônico. Agora, estão chegando indivíduos com entre 20 e 25 anos e as vezes até menos”, afirma ele.
Veja abaixo tabela com os valores dos contratos multimilionários entre os sites de apostas e os principais clubes brasileiros.
Patrocínios dos sites de apostas (valores aproximados)
Corinthians — Pixbet — R$ 35 milhões
Botafogo — Parimatch — R$ 27,5 milhões
Flamengo — Pixbet — R$ 24 milhões
São Paulo — Sportsbet.io — R$ 24 milhões
Vasco — Pixbet — R$ 22,4 milhões
Fluminense — Betano — R$ 20 milhões
Cruzeiro — Betfair — R$ 25 milhões
Internacional — Estrela Bet — R$ 23 milhões
Fortaleza — Novibet — R$ 20 milhões
Grêmio — Esportes da Sorte — R$ 20 milhões
Bahia — Esportes da Sorte — R$ 19 milhões
Athletico-PR — Esportes da Sorte — R$ 16,6 milhões
Atlético-MG — Betano – Não divulgado
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Fonte: Portal UOL
Marketing agressivo e Defesa das Bets
Os casinos online se escondem atrás da legalidade como defesa contra as críticas. O argumento é que os aplicativos legais de apostas esportivas são sempre mais seguros do que apostar no mercado negro com casas de apostas não confiáveis.
Para essas empresas, se os jovens vão jogar de qualquer maneira, é melhor que o façam legalmente e com segurança. Esse argumento realmente faz sentido. O problema não é a legalidade do jogo e sim o marketing agressivo das empresas de apostas e seu público-alvo.
Dizer aos jovens fãs de esportes que eles podem ganhar dinheiro com apostas é extremamente perigoso. Isso quando você sabe que eles possuem uma chance maior de se viciar do que de ganhar dinheiro.
Muitos jovens recorrem a influenciadores em redes sócias para obter conselhos sobre apostas, sem saber que muitos desses especialistas apenas procuram lucrar com a ingenuidade de seus seguidores.
Estamos vendo um aumento maciço na publicidade de empresas de apostas esportivas online. Em 2022, apenas nos Estados Unidos, os gastos com anúncios em apostas esportivas chegaram perto de 1,8 bilhão dólares.
Os sites de apostas, pelo monitoramento dos hábitos dos usuários na internet e o uso de algoritmos, conseguem direcionar propagandas eficazes para manter e aumentar a frequência de apostas.
Há evidências de que, quanto maior a propensão de uma pessoa a apostar compulsivamente, mais intensa é a propaganda direcionada a ela. Muitos desses anúncios divulgam ‘apostas sem risco’ e outras vantagens que faz com que um comportamento perigoso não pareça tão arriscado.
As propagandas, que glamurizam as apostas esportivas, mostram pessoas saudáveis e ambiciosas, mostrando aos jovens o estilo de vida que eles poderiam ter com o dinheiro que supostamente ganhariam no jogo. Por conta desse marketing, muitos jovens acreditam que as apostas esportivas são uma maneira melhor de “investir” seu dinheiro.
Diferentemente do que é ventilado na internet, as apostas esportivas não podem ser consideradas como renda extra, tão pouco uma forma de investimento. Afinal, as pesquisas mostram que aproximadamente 70% de todas as apostas esportivas perdem.
A tentação pelos jogos muitas vezes começa nas redes sociais, onde influencers com milhões de seguidores e atletas famosos fazem propagandas agressivas.
Chegando a afirmar que ganham de mil a R$ 10 mil reais por dia sem sair de casa. exibindo carros e mansões que supostamente foram conquistados com o dinheiro de casas de apostas. Levando os jovens a pensarem que também podem conseguir.
Caso você acredite que tenha vícios em jogos, veja nosso artigo sobre o tema “Como identificar vicio em jogos e o que fazer para sair dele”
E você, joga ou já jogou nos sites de apostas esportivas? Já perdeu dinheiro com apostas? Acredita que os jogos online devem ser liberados sem restrições? Comentem aqui em abaixo.